Estou pensando seriamente em abrir um novo blogue chamado #Offpunk. Nele eu manteria um diário de bordo mostrando formas de resistir à digitalização, de viver sem a alta tecnologia e abrir caminhos para uma vida desconectada, independente das Big Tech.
Esse nome vem de um navegador feito para, acima de tudo, funcionar offline, que foi desenhado pelo escritor e desenvolvedor belga @ploum.
• Offpunk, an offline-first command-line browser.
Mas penso em antes desenvolver um postura e uma estética em cima desse conceito. O que nele se diferenciaria do #digitalminimalism é que estaria relacionado a coisas como: voltar-se ao #lowtech, ao comunitário, ao analógico, ao não elétrico; manter um estilo de vida de anticonsumo; e utilizar a internet de forma mais intencional, seguindo a #slowweb. Para tanto, acho que vale pensar também em dispositivos configurados para esse propósito. Nesse sentido um texto que traduzi chamado “Um computador feito para durar 50 anos” vai nessa direção.
• “O computador feito para durar 50 anos”, de Ploum
Os argumentos são os de sempre: ter uma vida mais balanceada, mais presente, menos vigiada e com os dados menos explorados, sem se abster totalmente, no entanto, dos serviços digitais. Ao contrário da postura neoliberal e individualista de buscar um #digitaldetox em prol da produtividade, gostaria de dar um teor político a essa estética, defendendo o acesso à cidadania e ao lazer sem o intermédio do digital, e o direito à privacidade e a uma vida lenta.
Estou retirando muitas ideias dos textos que leio do Ploum, do Low-Tech Magazine (também de origem belga inclusive) e também de um livro chamado “Digital Detox: a política da desconexão” (da escritora norueguesa Trine Syvertsen) ― que, se não me engano, ainda não foi traduzido para português (leio-o em inglês).
Acho que no começo do ano que vem faço ao menos um pequeno Manifesto Offpunk. Escrevo isso mentalmente até lá.