Pitfall: The Mayan Adventure
O Pitfall original foi um dos jogos mais importantes de todos os tempos. Depois de anos no limbo, quando a Atari resolveu reviver algumas franquias dormentes Pitfall acabou sendo um dos escolhidos, e na verdade foi o único jogo dessa leva a ser lançado. Devo confessar que o hype me fez ter uma pequena decepção com este jogo. Parecia ser exatamente meu tipo de jogo retro, a primeira fase prometia altas aventuras e até onde sei o jogo, e a franquia, são muito bem falados. O jogo não é ruim, só que eu criei expectativas demais.
Mas vamos começar pelos gráficos. Ótimas animações, cenários bonitos e interessantes, com uma ótima atmosfera de aventura que permeia todos os gráficos do jogo e a interface gráfica, com transições entre fases e até a barra de vida sendo o personagem indo pra boca de um jacaré, tudo condiz perfeitamente com a temática. Os gráficos não são os melhores do sistema, e talvez para 94 já desse pra esperar mais, mas eles ainda assim estão mais do que bons e a parte artística é impecável até certo ponto (mais sobre isso abaixo).
A jogabilidade é muito legal, mas aqui começaram os desapontamentos. Simplesmente por que não é excelente como eu esperava. Tudo funciona muito bem, é responsivo e até fluido, o level design também é decente e às vezes até especial. Esse é o problema. Às vezes. O design dos combates é impolido e muitas vezes confuso, assim como o platforming. Os perigos não são telegrafados corretamente e nem sempre é claro o alcance de um obstáculo, ou mesmo os padrões dos ataques dos oponentes. E isso tudo é exacerbado pela falta, em muitas vezes, de um indicativo claro de que seus ataques estão tendo efeito. Às vezes também é difícil saber o que é preciso fazer para progredir e pelo menos uma vez achei que estava em um beco sem saída e tive que recorrer a um guia.
Mas nada disso tira muito o brilho desse jogo. É muito divertido, com segredos interessantes para serem descobertos nas fases, com desafios justos e novamente divertidos. O que tira o brilho mesmo é a repetição. E aqui se liga ao que eu estava falando antes sobre a parte artística ser impecável só até certo ponto. Por que os tiles, inimigos e obstáculos se repetem muito e fica cansativo. Não apenas de um ponto de vista visual, mas também de jogabilidade. Depois de um ou duas fases, o jogo não tem nada de muito novo a oferecer e a experiência se torna um pouco maçante.
Mas vamos voltar a falar de coisas boas. A parte sonora é talvez onde o jogo mais brilha. É tudo bem feito e ajuda muito na atmosfera. Tanto as trilhas quanto os sons de inimigos e objetos te envolvem no mundo perigoso, aventureiro porém um pouco cartunesco do jogo. Sobre isso não tenho o que reclamar. A duração da aventura também é outro ponto forte, sendo na medida, não muito curto para dizer que não deu nem pro cheiro, nem longo demais que se torna uma tarefa árdua zerar. Só podia ter mais variedade.
Ainda assim eu indico esse jogo para todo fã de Mega Drive que seja fã de platformers um pouco mais maduros que o mascote básico. Fique atento que o jogo se torna bem desafiador mais pra frente, com alguns picos de dificuldade chatinhos. Recomendo que tente acumular muitos bumerangues e bombas, pois o último chefe é ridículo. Mas eu diria que sempre fornece entretenimento.
O “to be continued” no final dos créditos indica que pretendiam lançar alguma continuação, o que infelizmente não aconteceu. Muitos jogos só atingem seu potencial no segundo jogo, é uma pena que nunca saberemos se isso ia acontecer com esse aqui.
Talvez tenha faltado um pouco de ambição dos produtores, algo mais do que simplesmente melhorar sobre o último Pitfall, lançado 8 anos antes deste. Talvez devessem ter tido um olho maior na competição para copiar seus acertos e não ser sobrepujado por eles. Mais cedo no ano o MD havia recebido seus excelentes Castlevania, Prince of Persia e Sonic 3 e próximo do lançamento de Pitfall recebeu ainda títulos como Earthworm Jim, Generations Lost e Mickeymania. O esforço morno empreendido aqui não era mais o suficiente há tempos. O que só diz respeito à enorme qualidade de muitos dos jogos lançados para Mega Drive, já que este aqui não deixa de ser um excelente título e altamente recomendado.
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